segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Lição 01 - Cristo é o Coração e o Fundamento da Teologia







TEXTO 01 - DEUS É INCOMPREENSIVEL[1]

            Deus pode ser conhecido, como vimos anteriormente, mas o que nos intriga é que Deus, mesmo sendo conhecido, não pode ser compreendido. Em sua essência, Deus é incompreensível, mesmo que conheçamos muitas coisas que ele revelou de si.
            A incompreensibilidade de Deus é um mistério da dogmática cristã. O nosso conhecimento dele é limitado às informações que dele recebemos. Em outras palavras, Deus pode ser conhecido até onde ele se nos revela, mas não pode ser compreendido, porque a compreensão do seu ser interior envolve um conhecimento exaustivo dele, e isso, obviamente, não é possível, por duas razões: 1) porque não nos deu a conhecer tudo o que ele é; 2) porque não seriamos capazes de absorver tudo o que ele é, devido à nossa finitude.
            Todo o conhecimento das doutrinas da dogmática cristã está. De alguma forma, relacionado à doutrina do conhecimento de Deus. A doutrina da cognoscibilidade de Deus é o ponto de partida do conhecimento de todas as outras doutrinas. O estudo da revelação de Deus, embora não nos leve a um entendimento de Deus, causa em nós um senso de profunda reverencia e adoração. Quanto mais meditamos na revelação divina, mais ficamos cheios de admiração e respeito por ele. Portanto, todo homem deveria ansiar pelo conhecimento de Deus, pois isto é o que caracteriza a verdadeira natureza do homem, que não pode viver alheio a Deus e separado dele. Agostinho disse com muita precisão: “Eu desejo conhecer Deus e a minha própria alma. Nada mais? Nada”.[2]
            Todavia, mesmo conhecendo Deus, não podemos compreender o seu ser interior, pois a sua natureza é muito diferente da nossa e muito mais complexa. A pergunta que pode ser feita é: “Como é possível ter qualquer conhecimento de Deus e ele ainda manter-se incompreensível?” Sören Kierkegaard costumava dizer que “existe uma distância qualitativa e infinita entre Deus e os homens...”[3] Essa distinção é de tal natureza que nos impede de compreender o Deus da Escritura. Há entre os seres humanos e Deus uma enorme distância, a distância do finito para o infinito, a distância que existe entre o tempo e a eternidade, entre o nada e o tudo. Todavia, é necessário lembrar que a noção da grande distância que existe entre o Criador e a criatura advém de nossa própria pesquisa ou capacidade inerente de conhecê-lo. Se Deus não se nos houvesse revelado de maneira ordinária (revelação geral) e extraordinária (revelação especial), não saberíamos que Deus grande temos e nem da distância que há entre ele e nós. É através de sua revelação que ele se nos torna conhecível e, ao mesmo tempo, nos aponta a sua incompreensibilidade.

Base Bíblica da Incompreensibilidade de Deus

            A incompreensibilidade de Deus é derivada de certos textos da Escritura que tratam de alguns dos seus atributos incomunicáveis, como sua imensidão e onipresença (I Rs 8:27). Todavia, a doutrina da sua incompreensibilidade é claramente afirmada em textos como:
            Jó 26:14 – “Eis que isto são apenas as orlas dos seus caminhos! Que leve sussurro temos ouvido dele! Mas o trovão do seu poder, quem o entenderá?”
            Vejamos algumas verdades relativas à incompreensibilidade de Deus:

Deus É Incompreensível pelo Que Ele É

            Jó 36:26 – “Eis que Deus é grande, e não o podemos compreender; o numero dos seus anos não se pode calcula”.

            A natureza de Deus é infinitamente distinta da nossa, quantitativa e qualitativamente. Não há em nós possibilidade de compreender aquilo que está com muito acima de nós. Não conseguimos compreender a grandeza de Deus, porque o nosso conceito de grandeza está ligado à mensurabilidade. Deus, não é mensurável espacial nem temporalmente. Ele é infinito em sua grandeza. Por isso, não podemos ter idéia da sua grandiosidade majestosa. Ele excede o nosso entendimento!

Deus É Incompreensível pelo Que Faz

            Jó 37:5 – “Com a sua voz  troveja Deus maravilhosamente; faz grandes cousas que nós não compreendemos”.
            Os feitos de Deus incluem as grandes coisas que não existiam, mas que vieram a existir por sua palavra, como o universo criado e os seres vivos (Is 41:4).
            Não somente os atributos incomunicáveis (como auto-existência, imutabilidade, eternidade e infinidade) tornam Deus incompreensível a nós. Mesmo os atributos comunicáveis mais cantados pela igreja têm uma certa dose de incompreensibilidade.
            Veja o que Paulo diz do amor de Deus, que é o atributo mais desejado de todos os crentes: “... e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus” (Ef 3:19). Não podemos compreender como Deus ama, pois o modo de ele amar é muito diferente do nosso. A base do seu amor está nele próprio, e nunca nas razões que o objeto amado oferece. Conosco é exatamente o inverso e, por isso, o que ele faz por nós se torna incompreensível.
            Veja ainda o que é dito da paz de Deus, que é uma das coisas que mais deliciosamente desfrutamos: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus” (Fp 4:7). Mesmo essa sensação maravilhosa que advém do que Cristo fez por nós vai alem do que podemos compreender. Deus é incompreensível, em sua profundeza, em tudo o que faz.

Deus É Incompreensível por Causa de Suas Profundezas Insondáveis

            As profundezas de Deus não podem ser sondadas por nós. Os pensamentos de Deus estão muito acima dos nossos pensamentos e os seus caminhos são muito mais altos do que os nossos caminhos (Is 55:8-9). Por essa razão, Paulo, após tratar dos misteriosos caminhos do Senhor na soberana salvação de alguns assim como na reprovação de outros, diz:

            Rm 11:33-34 – “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria, como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e quão inescrutáveis os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do nosso Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?”

            A mente de Deus é absolutamente insondável pela simples razão de ela ser infinita. Os filósofos chegaram a essa conclusão através de sua própria ignorância ao tentarem alcançar a Deus, mas os apóstolos compreenderam essa verdade pela revelação do próprio Deus. Foi exatamente essa verdade que Paulo declarou nos versos acima. Apor tratar das doutrinas da graça nos capítulos anteriores, Paulo tem a sua mente “fundida” pela maravilha da sabedoria insondável de Deus ! nesses versos Paulo se maravilha com as doutrinas da graça, que são incompreensíveis porque estão vinculadas à mente e à sabedoria inatingíveis de Deus. Essa sabedoria de Deus é apresentada de múltiplas formas (Ef 3:9-11), e o ser humano fica boquiaberto diante dela, sem sequer compreendê-la. As mentes mais brilhantes deste mundo encontram um grande mistério na mente sabia de Deus. Alguns ensinam que o pecado é a cousa desse mistério a respeito da mente de Deus. Pessoalmente, creio que o mistério é aumentado pelo pecado, porque este produz efeitos noéticos (sobre a mente), mas a nossa finitude é a resposta mais correta. Quando estivermos todos completamente redimidos, a mente de Deus ainda será um mistério para nós. Não seremos compreendedores de Deus depois de consumar-se a redenção. Mesmo quando a imagem de Deus for totalmente restaurada em nós, ainda assim não compreenderemos a Deus. A negação dessa verdade equivale à idéia de que nos consideremos semelhantes a ele. Isso nunca acontecerá, nem na glória!
            O modo como Deus age na história do mundo também é incompreensível, não porque o seu modo de operar não seja razoável, mas porque a nossa mente é incapaz de alcançar o seu raciocínio e acompanhar o seu pensamento. O modus operandi de Deus escapa ao nosso entendimento e isso nos maravilha! A razão do encantamento esta na limitação do nosso entendimento em comparação com a profundidade dos juízos e dos caminhos de Deus, que são inescrutáveis!
            Nenhum homem pode penetrar as profundezas de Deus. Elas são conhecidas somente pelo Espírito de Deus que a todas as coisas perscruta! Isaias diz de maneira inequívoca que ninguém pode esquadrinhar o entendimento de Deus (Is 40:28). Só o Espírito do próprio Deus pode sondar o seu interior. Ninguém mais!

           
Deus É Incompreensível Porque É Incomparável

            Deus não é somente infinito, mas ele é absolutamente singular, incomparável! Nenhum ser criado pode ser igualado a Deus, ou ter o seu próprio raciocínio. Ninguém tem quaisquer condições de ser o conselheiro de Deus ou de lhe dizer o que ele deve fazer.
            Ele mesmo desafia os seres humanos orgulhosos e vaidosos a encontrarem alguém que possa ser comparado a ele. Deus estava acima de qualquer dos deuses imaginados pelos homens mais sábios do mundo. Essa foi a mensagem que Paulo tentou passar aos intelectuais do seu tempo. É sobre esse Deus insondável e inescrutável que ele falou aos filósofos que andavam a procura de novidades no Areópago de Atenas. O Deus que Paulo apresentou era absolutamente independente e não necessitava absolutamente de nada (At 17:24, 25, 28). Os deuses dos gregos foram todos criados à imagem e semelhança dos homens, mas o Deus apresentado por Paulo sobrepujava a todos eles juntos. Ele era inigualável!
            Nos versos abaixo, Deus zomba da pequenez dos homens em comparação à sua infinita grandeza e singularidades. Os reis e as nações não passam de gora d’água ou do pó da areia diante da majestade divina (Is 40:15).
            O profeta Isaías registra as várias vezes em que Deus desafia os homens a achar alguém semelhante a ele, mostrando o seu desprezo pela soberba dos homens.
           
            Is 40:18, 25 – “Com quem comparareis a Deus? Ou que cousa semelhante confrontareis com ele?     ... A quem, pois, me           comparareis para que eu lhe seja igual? Diz o Santo.”

            Estas perguntas de Deus revelam a tolice e a soberba dos homens. Estes faziam imagens de escultura, pensando que Deus podia ser comparado a elas. As imagens estavam violando o primeiro e o segundo mandamentos ordenados a Moisés. Os contemporâneos de Isaías eram idolatras, e Deus sempre foi intolerante com essa depravação da verdadeira e única divindade. O Invisível não pode ser tratado como se fosse uma criatura, com aparência e com forma. Ele é um ser eminentemente espiritual, sendo infinito em sua espiritualidade, e isto o distingue absolutamente das outras criaturas! Nenhum dos deuses criados pelos pagãos pode ser comparado a Deus porque ele é impar! Não existe cópia de Deus ou alguém que se assemelhe a ele. Após fazer uma apologia de si mesmo, Deus fez os homens olharem ao seu redor a averiguarem as grandes obras da natureza, para que vissem quem estava por trás de toda aquela grandeza! Somente alguém maior do que a própria natureza. Esse é o Deus singular! (Is 40:26);
           
            Is 46:5 – “A quem me comparareis para que eu lhe seja iguais? E que cousa semelhante confrontareis comigo?”

            É algo totalmente absurdo fazer com que o infinito seja representado pela aparência de uma criatura. É uma tentativa de transformar a verdade em mentira. Deus não pode ser representado por nada, porque não há nada que se compare a ele. Só o igual pode representar. Aquele que esta acima de toda criatura e de toda a criação é inigualável! O finito não pode ser confrontado com o Infinito. Portanto, ninguém pode ser comparado com Deus, porque ninguém é semelhante a ele!
            Deus é absolutamente inigualável (Is 44:6-8) e isto o torna incompreensível! Nenhum outro ser é capaz de chegar próximo do único Deus e senhor de toda a terra.


Deus É Incompreensível por Estar Além dos Limites Espaciais e Temporais

            Is 40:12 – “Quem na concha de sua Mao mediu as águas, e tomou a medida dos céus a palmos? Quem recolheu na terça    parte de uma efa o pó da terra, e pesou os montes em romana e os outeiros em balança de precisão?”

            Ele é tão grande que todo o universo, que é considerado como “infinito” pelos estudiosos, cabe na palma de suas mãos, e tudo é tão pequenino se comparado com o Criador.
            A distância entre o Criador e a criatura fica ainda mais patente quando Deus, através do profeta Isaías, se compara até mesmo às nações mais poderosas, que são consideradas como absolutamente nada na sua presença. Observe a linguagem do profeta: “Eis que as nações são consideradas por ele como um pingo que cai dum balde, e como um grão de pó na balança; as ilhas são como pó fino que se levanta” (Is 40:15).
           
Deus É Incompreensível por Ser o Único Deus

            Deus é absolutamente singular. Nada se compara a Ele, como já vimos anteriormente. A sua singularidade o distingue de tudo o que existe, e as palavras, sentimentos e imaginações humanas não podem descrevê-lo nem defini-lo.
           
            Ex 20:2-3 – “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante   de mim...”

            Deus inicia os seus mandamentos cortando toda a possibilidade de haver alguém que faça competição com ele. Deus é único e não admite qualquer outro ser que venha a tomar a gloria que lhe é devida. Por essa razão, ninguém consegue entender os propósitos e o ser interior de Deus. A sua singularidade nega a possibilidade mesma de ser conhecido (se não se revelasse), e certamente inclui a sua incompreensibilidade.
            “Eu sou o Senhor teu Deus” – Isto não significa que não haja a possibilidade de pertencermos a um outro deus ou de crermos num deus que fazemos com as nossas próprias mãos. Mas porque o Deus único nos possui e, em pacto, revelou-se a nós, como zeloso que é, ele não admite que outro deus possa ocupar o nosso pensamento. Contudo, a despeito de sua atitude revelacional ali no Monte Sinai, ele permanece um Deus absconditus, como ensinava Lutero. Mesmo estando diante da face de Deus, Moisés queria ver a essência de Deus, mas este lhe respondeu que nenhum homem poderia continuar vivendo se pudesse ter qualquer contato com o seu caráter mais glorioso, ou seja, vê-lo em sua essência. Nenhum outro deus ou ser criado é semelhante a ele. Por isso, esse único Deus não pode ser compreendido.
           
            Dt 4:35, 39 – “A ti foi mostrado para que soubesse que o Senhor é Deus; nenhum outro há senão ele... Por isso hoje     saberás, e refletiras no teu coração, que só o Senhor é Deus em cima no céu, e embaixo na terra; nenhum outro há”.

            Depois de mostrar todas as suas maravilhas a Moisés e ao povo, Deus aproxima-se de Moisés e lhe diz as palavras acima, e este as transmite ao povo, que havia sido testemunha ocular dos poderosos feitos do Senhor. Pelo que Deus é e faz, os homens podem saber que somente ele é Deus, mas os seus atos e as suas palavras não nos podem dar um conhecimento dele que nos capacite a compreendê-lo. Mesmo que o homem chegue a refletir no seu coração sobre a divindade de Iavé, e venha a reconhecer que somente ele é Deus, a sua singularidade impede que tenhamos compreensão do que ele realmente é.

            I Sm 2:2 – “Não há santo como o Senhor; porque não há outro além de ti; e Rocha não há, nenhuma, como o nosso Deus”.

            Numa oração cheia de angustia, esperando que Deus a ouça e lhe dê um filho, Ana apela para a singularidade e Deus. Todos os homens tementes a Deus diriam o que Ana disse acima, mas todos eles ainda ficariam por entender os caminhos de Deus e os seus propósitos. Eles nos são ocultos e, mesmo quando revelados, permanecem sem serem compreendidos. Esta verdade torna o ser humano pequenino, ou melhor, é a sensação de pequenez do homem que o torna um verdadeiro adorador como Ana o foi. Deus é inescrutável em seus caminhos e santo em todas as suas obras; a nossa alma sabe disso muito bem e cada vez mais se admira de sua profundidade e da imensidão dos seus pensamentos!

            Is 44:8 – “Não vos assombreis, nem temais; acaso desde aquele tempo não vo-lo fiz ouvir, não vo-lo anunciei? Vós sois as minhas testemunhas. Há outro Deus além de mim? Não, não há outra Rocha que eu conheça.”

            Os homens sempre tentaram criar deuses para expressar a sua própria religiosidade, mas todos eles são falsos. Quando Paulo comparou os deuses do Olimpo com o verdadeiro Deus, ele desafiou os gregos a crerem no Deus que fazia o que os outros não podiam fazer. Ele ensinou sobre o Deus criador, providente e redentor. Nenhum deus criado pelos homens faz o que Deus faz. Deus é singular não somente na sua essência, mas no que faz. Ele é único e, portanto, incompreensível! Só podemos compreender aquilo que tem alguma semelhança a nós. Como somos infinitamente pequenos e Deus é o único Deus, não podemos saber nada dele além daquilo que ele nos revelou. Devido a sua singularidade, por mais que diga algo de si, ele nunca nos levará a compreendê-lo de modo que venhamos a saber quem ele realmente é.

Deus É Incompreensível Por Que É Inominável

            Não há nenhum nome que expresse tudo o que Deus é. Os nomes todos que a Escritura dá a Deus não são suficientes para nos dar uma compreensão de Deus. A sua essência não pode ser descoberta pelos seus nomes. Deus possui uma enorme variedade de nomes justamente porque cada um deles reflete algo do que ele é. Na Escritura ele é chamado de Maravilhoso (Gn 32:29 e Jz 13:18; Pv 30:3-4 e Is 9:6), mas esse nome nos dá uma idéia da qual a mente humana pode ter apenas um vislumbre. Contudo, seu ser mais interior é inominável. Nada do que é humano poderia descrever a divindade.
            Deus é sem nome porque tudo o que ele diz de si mesmo, embora seja a verdade absoluta, ou seja, corresponda à realidade, não exaure o que ele é na sua essência. Portanto, mesmo os nomes que a Escritura atribui a Deus são insuficientes para explicar a sua natureza.

Deus É Incompreensível Porque Ele É Inacessível

            Paulo, o apostolo, diz que Deus habita numa esfera da qual os homens não podem se aproximar. Escrevendo a Timóteo, Paulo diz que Deus “habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem é capaz de ver” (I Tm 6:16). Nenhum homem pode aproximar-se de Deus, mesmo no estado de glória que vier a ter quando da consumação final de nossa salvação. O Ser todo glorioso não pode ser confrontado nem visto pela criatura. Qualquer coisa que o homem vier, a saber, dele será sempre de maneira mediata, isto é, por meio de Deus encarnado, Jesus Cristo. O contato com a Luz será através da Lâmpada. Ninguém poderá ver a luz sem a lâmpada (Ap 21:23). Ninguém conhece a Deus além do que Cristo Jesus revelou dele. João confirmou a inacessibilidade de Deus dizendo que “ninguém jamais viu a Deus: o Deus unigênito, que esta no seio do Pai, é quem o revelou” (Jo 1:18). Somente o Filho de Deus teve condições, por causa da sua própria natureza divina, de ver o Pai. Por essa razão, João afirma: “não que alguém tenha visto ao Pai, salvo aquele que vem de Deus: este o tem visto” (Jo 6:46). Portanto, criatura alguma pode penetrar os segredos da divindade inacessível, a quem todos devem honra e glória.
           





[1] Heber Carlos de Campos. O Ser de Deus. Editora Cultura.
[2] Citado por Bavinck, The Doctrine of God, 14.
[3] Barth diz isso algumas vezes em seu Comentário aos Romanos.


 
TEXTO 02 - O DEUS CONHECÍVEL[1]

Agora trataremos da possibilidade de Deus ser conhecido. Todavia, a despeito desse conhecimento possível, Deus não pode ser compreendido, como veremos a seguir. Essas duas coisas são perfeitamente plausíveis, embora aparentemente se contradigam. Dizer que Deus é conhecível significa que, embora incompreensível, algum conhecimento dele é possível, e esse conhecimento pode crescer cada vez mais, segundo a medida da revelação divina e do nosso relacionamento com ele.
            As Escrituras nos revelam quem é o verdadeiro Deus, e o nosso conhecimento dele é básico para o conhecimento de nós mesmos.

A Afirmação do Conhecimento do Deus das Escrituras

O Conhecimento de Deus Pressupõe Revelação

            O conhecimento de Deus pressupõe inquestionavelmente o fato de Deus se revelar. É impossível qualquer conhecimento dele sem que ele se revele. Se Deus não se revelasse, por causa de sua natureza infinita e majestosa jamais poderíamos ter qualquer conhecimento dele. Ele se desnudou a fim de que os seres humanos pudessem conhecê-lo. Os seres humanos ficariam totalmente ignorantes de Deus se este se ensimesmasse. A mente humana, embora tenha o sensus divinatatis, não pode conceber Deus, a menos que ele se revele. Os seres humanos jamais poderiam emitir qualquer conceito sobre Deus se não fossem impactados pelas obras da natureza, que são uma revelação muda, ou pela revelação verbal.
            Deus criou todos os homens com a capacidade de conhecê-lo, mas teve que se lhes revelar de várias formas. A fim de que os seres humanos pudessem conhecer a Deus, este não somente deu-lhes um conhecimento que está impresso na sua própria constituição natural, como também um conhecimento que vem através das obras da criação e da sua condução da historia, e que esta registrada nas Escrituras o Antigo e do Novo Testamento.
            Todo conhecimento que o homem tem vem de fora. Não há nenhum conhecimento que seja inerente ao ser humano. Portanto, há um sentido em que todo o conhecimento é adquirido. Somente a capacidade de conhecer é inata. Todavia, como veremos adiante, o conhecimento de Deus no homem pode vir através da revelação geral (que está mais vinculada ao que se chama tradicionalmente de conhecimento inato) e da revelação verbal (que está mais vinculada ao que se chama tradicionalmente de conhecimento adquirido).

Conhecimento Inato

            Este conhecimento tem a ver com o conhecimento a priori (o semen religionis e o sensus divinitatis, já estudados anteriormente), que não tem nada a ver com a revelação verbal de Deus.
            A palavra “inato” indica a procedência do conhecimento, que é a nossa natureza. Nascemos com esse conhecimento. Entre os protestantes escolásticos, esse conhecimento é chamado cognitio ínsita (conhecimento implantado),[2] que está vinculada ao que Calvino chama de semen religionis.

            1. O conhecimento inato de Deus é intuitivo, e não um produto elaborado pela alma humana
            O conhecimento inato também é chamado de “conhecimento intuitivo”, pois repousa na apreensão imediata das coisas, sem que haja um processo de raciocínio de premissas e conclusões. Todos os nossos sentidos são percepções ou intuições. Podemos apreender muitas coisas imediatamente, isto é, sem o uso de meios, mas nunca podemos expressar qualquer conhecimento Deus sem a sua previa revelação. Quando somos estimulados pelas obras da criação, todo o nosso conhecimento intuitivo vem à tona. Percebemos as verdades e as realidades com uma convicção intuitiva. Podemos até tirar conclusões erradas, por causa da corrupção do nosso ser interior, mas há uma certa percepção da verdade dentro de nos, produto do modo como Deus nos fez constitutivamente.
            Este conhecimento não significa que o ser humano, ao ser concebido, já possui conceitos pré-formados sobre Deus. Esse conhecimento é demonstrado à medida que o ser humano se desenvolve mentalmente. Nenhum bebê tem um conhecimento conceitual de Deus, porque isso é impossível na sua idade, mas quando ele se desenvolve, é impactado pelas coisas que o confrontam e o levam a ter algum conhecimento da divindade. Os conceitos têm que ser desenvolvidos, mas o conhecimento potencial de Deus está no ser humano, pelo modo como Deus o criou.
           
            2. O conhecimento inato de Deus tem a ver principalmente com a constituição da mente            humana
            Deus fez o homem de tal modo que ele é capaz de conhecer a Deus, e esse conhecimento resulta da constituição da mente humana, e não dos outros sentidos. A idéia da divindade está intuitivamente colocada na mente do homem. Esse conhecimento não é produto de observação ou de dedução em virtude de fatores externos ao ser humano. Há certas verdades que a mente percebe imediatamente, sem que haja a necessidade de demonstração lógica. O conhecimento inato tem a ver com a constituição da mente de modo que “ela percebe certas coisas como verdadeiras sem que haja a necessidade de prova ou instrução”.[3] Esse conhecimento pode ser desenvolvido à medida que acontece o desenvolvimento mental. Todavia, não nos esqueçamos de que todo conhecimento de Deus pressupõe a revelação geral. Ele não é produto do raciocínio da mente.
            Quando Paulo escreve em Romanos 1:20, ele fala dos atributos de Deus como “sendo percebidos”, mas a expressão grega diz respeito a um conhecimento que é produto da mente, sem que haja um processo de raciocínio engenhosamente elaborado. Esse conhecimento é produto intuitivo da mente em contato com as obras da criação.
           
            W.G.T. Shedd diz que:
            Paulo descreve a natureza da percepção usando o particípio noumena [“sendo percebidos”], que denota uma intuição           direta e imediata da razão. Os atributos invisíveis de Deus, que não são objeto dos sentidos, e não podem ser         conhecidos por eles, são claramente vistos pela mente (nous), diz Paulo. [4]

            A percepção dos atributos de Deus sempre está vinculada à capacidade que Deus deu ao homem de conhecê-lo, mas nunca está dissociada do contato com as obras da natureza. A idéia da existência de Deus está impressa na alma humana, mas não os conceitos. Estes são emitidos pela mente quando o ser humano é exposto ao impacto da natureza. Todavia, essas idéias sobre os atributos de Deus não precisam ser analisadas, mas simplesmente são despertadas na mente quando o ser humano é confrontado com as obras da criação. “A razão é estimulada a agir pelos estímulos dos sentidos; mas quando assim estimulada, ela percebe por sua própria operação as verdades e fatos que os próprios sentidos não percebem.” [5] Este conhecimento de Deus tem a ver com a natureza da mente humana.

            3. O conhecimento inato de Deus é provado pelas leis morais que ele implantou em nosso ser    interior
            As idéias morais que possuímos revelam o santo Legislador que nos criou. Os conceitos morais básicos estão impressos em nossa alma. Quando uma criança é concebida ela já os t em na alma, embora não possa expressá-los nem formulá-los antes do seu desenvolvimento mental. Paulo diz claramente que ate mesmo os ímpios, aqueles que nunca foram confrontados com a revelação especial de Deus, possuem noção das coisas morais e são julgados por elas.
           
            Rm 2:14-15 – “Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram a obra da lei gravada nos seus corações, testemunhando-lhes a consciência, e os seus  pensamentos mutuamente acusando-se ou defendendo-se.”

                Esse conhecimento revela que eles possuem uma noção da divindade que está dentro deles, porque a consciência do certo e do errado está intuitivamente gravada neles e os faz conscientes de seu Criador. A conduta dos gentios de conformidade com a lei é uma amostra do conhecimento inato de Deus. Este conhecimento tem a ver com a natureza moral do homem.
            Em ambos os casos, o conhecimento inato de Deus é um dom divino. Ele vem desde a nossa concepção. As idéias sobre Deus ficam latentes ate que se tornam patentes quando do contato com as obras da natureza que proclamam sem palavras a glória de Deus. À medida que a nossa mente e os outros sentidos se desenvolvem, também se percebe um desenvolvimento da demonstração do conhecimento inato.

            4. O conhecimento inato é espontâneo, mas não “consciente”
            A teologia cristã nunca ensinou o conhecimento inato como sendo um conhecimento consciente de Deus com o qual a pessoa nasce. É um conhecimento implantado por Deus na alma dos seres humanos. Esse termo é usado para designar que o conhecimento é espontâneo, e não o resultado de um processo de raciocínio ou de argumentação.
            A consciência do conhecimento vem com o crescimento do ser humano com o passar dos anos. Uma criancinha de berço, que possui o conhecimento inato, não o possui, todavia, conscientemente. Somente após crescer e ser exposta à revelação da criação é que ela passa a ter consciência de Deus.

            5. O conhecimento inato é conhecimento de resposta
            É importante que se lembre que o conhecimento inato é algo mais do que mera potencialidade para conhecer. Ele é uma atividade que o homem exerce sempre que tem contato com a natureza. Esse conhecimento é sempre produto da revelação divina que exerce influencia sobre a mente humana. É a influência externa das obras da natureza sobre a capacidade interna que Deus deu ao homem de conhecê-lo.

            6. O conhecimento inato favorece a “teologia natural”
            O conhecimento que o ser humano vem a ter de Deus não ocorre à parte da revelação divina. Uma vez que o homem é exposto à revelação da natureza, ele já pode emitir algum tipo de idéia sobre Deus, o que habitualmente tem sido chamado de “teologia natural”, a teologia que é produto, não do recebimento da revelação especial, mas da contemplação das obras da natureza. É bom que se enfatize que não existe qualquer formulação de uma teologia natural sem o impacto da revelação das obras da natureza. Não é possível qualquer formulação de conceitos sobre Deus apenas com o uso da razão, sem que o ser humano seja exposto ao crivo da revelação da natureza. O que se chama regularmente de “teologia natural” não é apenas o produto do raciocínio humano. Com o conhecimento que vem da nossa constituição, que é implantado por Deus, podemos formular uma teologia natural.

            7. O conhecimento inato é corrompido pelo pecado
            O conhecimento inato e a possibilidade de formulação de uma teologia natural esbarram no problema do pecado.
            Há um semen religionis implantado no homem, de forma que o homem foi criado com a potencialidade de conhecer a Deus pela natureza da sua constituição, mas o pecado afetou a totalidade do ser humano, inclusive a sua mente. Este fator não pode ser esquecido. Os efeitos noéticos do pecado, isto é, os efeitos do pecado sobre a mente, têm que ser levados em conta. Por essa razão, esse conhecimento é corrompido pelo pecado e o ser humano não pode apreender Deus corretamente. Ele observa as obras da criação, mas o resultado não é satisfatório, porque ele não consegue ver claramente o Criador por detrás das obras da criação em virtude de ter o seu maior interior, o coração, corrompido pelo pecado. O texto das Escrituras em Romanos 1:18 diz que, por causa da impiedade e perversão dos homens, há uma supressão do conhecimento verdadeiro de Deus, “que detêm a verdade pela injustiça”.

            8. Conhecimento responsabilizador
            O conhecimento inato de Deus, a despeito de prejudicado pela Queda, é um conhecimento que torna o homem responsável diante de Deus. Não obstante todas as dificuldades que o pecado causou ao homem, as Escrituras afirmam que ele teve, desde o principio das coisas criadas, o conhecimento de Deus. Ele não quis o conhecimento que Deus deu de si mesmo. Ele trocou a verdade de Deus em mentira, mas não se pode negar que ele teve esse conhecimento. Por essa razão, depois de fazer um arrazoado sobre esse assunto, Paulo diz: “Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato” (Rm 1:20b-21). Pela atitude que tomaram diante do conhecimento de Deus, esses homens tiveram o juízo parcial de Deus sobre suas vidas, quando estas foram entregues à imundícia (Rm 1:24). Essa punição ocorreu porque eles haviam recebido um conhecimento que os tornava responsáveis diante de Deus.
           
            9. Conhecimento Universal
            Esse conhecimento responsabilizador é universal; não se refere apenas aos homens do tempo de Paulo. Todas as pessoas que negligenciam a correta adoração do Deus verdadeiro são culpáveis diante dele. Todas as pessoas que estão em contato com as obras da natureza, onde quer que estejam, são impactadas pela revelação divina e, todavia, mantêm-se rebeldes contra Deus. Não há nem uma só pessoa que esteja fora da esfera dessa revelação.
            Todos os seres humanos estão sob o governo moral de Deus, porque Deus implantou suas leis nos corações de todos eles. Esse conhecimento de Deus é inescapável em todos os seres humanos. Todos eles possuem a noção do que é certo e do que não é. Paulo menciona que “quando os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma de lei gravada nos seus corações, testemunhando-lhes também a consciência, e os seus pensamentos mutuamente acusando-se ou defendendo-se” (Rm 2:14-15). Ninguém pode alegar não ter noção do governo moral de Deus, porque Deus implantou-lhes uma lei que lhes mostra que existe um governador moral. Portanto, todos os seres humanos são indesculpáveis se não prestam a honra devida ao Criador.

Conhecimento Adquirido

            Este conhecimento tem a ver com o conhecimento a posteriori, isto é, o conhecimento que vem após a observação da criação e dos eventos redentores demonstrados nas Escrituras Sagradas. Eles são produto da revelação verbal de Deus aos homens.
            O conhecimento inato e o adquirido não estão em oposição um ao outro, embora haja distinção entre eles. O conhecimento inato é inerente à constituição da alma humana, enquanto que o conhecimento adquirido é derivado ou produto da observação, estudo ou reflexão. Ele é produto da argumentação e do raciocínio, sempre com base na revelação de Deus, particularmente a revelação especial. Este conhecimento é tecnicamente chamado de cognitivo Dei acquisita.

           

            1. Conhecimento limitado
            Obviamente, todo conhecimento humano é limitado por causa da própria natureza finita do homem. Contudo, o conhecimento inato é mais limitado ainda, enquanto que o adquirido é mais desenvolvido e detalhado, por causa do processo de raciocínio, argumentação e reflexão. O conhecimento adquirido é também limitado, mesmo a despeito das melhores pesquisas, porque Deus revelou-se de maneira limitada. Deus não revelou tudo de si. E, mesmo que o fizesse, o homem jamais teria condições de apreendê-lo. As duas coisas se juntam para tornar o conhecimento limitado: a limitação humana e a limitação da revelação divina.

            2. Conhecimento de reflexão
            Enquanto no conhecimento inato a mente fica inativa, sem a necessidade de raciocínio, no conhecimento adquirido a mente fica ativa, produzindo formulações e conceitos sobre a divindade, como produto do impacto da revelação. A reflexão é consciente e não tem nada de intuitivo. O ser humano toma as noções de Deus pela contemplação da revelação da natureza e trabalha reflexivamente. O mesmo processo acontece com as informações que recebe de Deus em forma de palavras. Ele as toma e formula conceitos sobre Deus. O resultado disso é chamado teologia propriamente dita. Daí vêm as tentativas de explicar o “como” e o “porquê” de todos os conceitos que o ser humano formula a respeito de Deus.

            3. Conhecimento de acomodação
            Deus se revela de acordo com a capacidade que ele mesmo concedeu ao ser humano. Deus se acomoda à nossa limitação e à nossa natureza. Ele não pode ser compreendido por nos devido à finitude de nossa mente e, portanto, há em nós incapacidade de apreendê-lo completamente. Por essa razão, Calvino diz que Deus “se acomoda (attemperat) aos nossos padrões”.[6]
            Essa acomodação ao nosso conhecimento é necessária por duas razoes: primeiramente, por causa da grande distância que há entre o Criador e a criatura: em segundo lugar, por causa da separação existente entre o Deus santo e a humanidade pecadora. São duas distancias de natureza diferente. A primeira decorre da natureza, a segunda decorre do pecado. Por essa razão, pensa Calvino, Jesus Cristo é o enviado de Deus que cruza essa grande distancia entre o Criador e a criatura e quebra a barreira do pecado entre ambos, como Redentor divino-humano que é.[7]
            Todavia, é bom lembrar que, ao cruzar essa grande distância, Cristo não nos torna divinos. Quando nos redime, ele retira a grande distância que o pecado provoca, mas não nos arranca da distância que a própria natureza nos deixou. Sempre seremos criaturas e sempre haveremos de ter a revelação divina adequada, acomoda à nossa condição de criaturas.

            4. Conhecimento correlativo
            Como foi dito no inicio deste capítulo, não há a possibilidade de se dissociar o conhecimento de nós mesmos do conhecimento que temos de Deus. Calvino disse que “toda sabedoria que possuímos, a sabedoria verdadeira e sadia, consiste de duas coisas: o conhecimento de Deus e de nós mesmos”.[8] Para ele, não há o conhecimento de Deus sem o conhecimento de nós mesmos, nem o conhecimento de nós mesmos sem que haja o conhecimento de Deus. Há uma interdependência entre seus conhecimentos. A fim de que nos conheçamos como realmente somos, é necessário que tenhamos o conhecimento de quem Deus é. O conhecimento de sua santidade nos fará ver o que somos; o conhecimento de sua bondade nos fará ver o que devemos ser, e assim por diante. Por outro lado, a fim de que conheçamos a Deus temos que possuir um conhecimento de nós mesmos, pois refletimos, em alguma medida, a sua imagem. Não há como escapar dessa imagem em nós, pois ainda refletimos, em alguma medida, o que ele é. Todavia, esse tipo de conhecimento de nos mesmos nos leva a ver quão diferentes somos dele, especialmente na esfera moral e ética. Quando olhamos para dentro de nos mesmos, vemos a distancia que existe entre ele e nós, distância essa que é aumentada e agravada pelos nossos pecados. Nesse caso, podemos aprender mais por contraste do que por semelhança.
            De qualquer forma, esses dois conhecimentos devem ser inseparáveis. Eles são correlativos e necessários para que tenhamos uma idéia melhor sobre Deus.



[1] Heber Carlos de Campos. O Ser de Deus. Editora Cultura.
[2] Richard A. Muller, Dictionary of Latin and Greek Theological Terms (Grand Rapids: Baker, 1986), 70.
[3] Charles Hodge, Systematic Theology (Grand Rapids: Eerdmans, 1981), vol. 1, 192.
[4] W.G.T. Shedd, Dogmatic Theology, vol. 1, 198-99.
[5] Ibid., 199.
[6] Calvino, Commentary on Ezequiel 9. 3, 4.
[7] Esta idéia está nas suas Institutas, 2. 16. 5.
[8] Institutas, 1. 1. 1.

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